sábado, 18 de novembro de 2023

E SE JAVIER MILEI VENCER NA ARGENTINA? PIOR PARA ELE!

 

Tenho observado muitas análises sobre um possível governo de Milei. Todas são baseadas em seus discursos e programa de campanha. Será que ele vai dolarizar a economia? Será que ele vai conseguir substituir parte do comércio com China e Brasil em favor dos Estados Unidos? Até que ponto ele vai fazer frente à política brasileira para a América Latina? Será que ele conseguirá tirar a Argentina dos BRICS e Mercosul?

A primeira dificuldade do suposto presidente Milei é o fato de sua base de apoio é amplamente minoritário no congresso. O peronismo de Sergio Massa, seu oponente no segundo turno, será majoritário no Senado, além de contar com quase metade dos deputados. Nem com apoio total do “macrismo”, conseguirá maioria, nesta casa.

Alguns poucos países abriram mão de suas moedas e passaram a usar o Dólar como moeda corrente, porém nenhum com o PIB da Argentina. Isto colocaria a Argentina em uma situação muito vulnerával. Por outro lado, a moeda americana, embora mantenha algum grau de hegemonia nas relações comerciais no mundo, vem perdendo seu prestígio como meio de troca internacional. Principalmente após o embargo contra a Rússia, com o sequestro de suas reservas pelos bancos americanos e europeus, o dólar passou a ser visto com desconfiança. Isto já havia acontecido com as reservas de outros países, como Venezuela e Irã. Ultimamente muitos países têm procurado fazer comercio em suas próprias moedas e substituindo suas reservas por ouro, ou mesmo Yuan ou Euro.

A Argentina importa manufaturados brasileiros em troca de trigo e outras commodities. Acordos no Mercosul diminui as taxas aduaneiras. O frete se torna mais barato devido à proximidade entre os dois países. Some-se as isso que a mão de obra no Brasil é mais barata e o Real está um pouco desvalorizado em relação ao Dólar. A Argentina terá que competir com o próprio Brasil pelo mercado de commodities nos EUA. Por outro lado, a China importa toda a produção de soja e milho, além de carne bovina, e em troca fornece tecnologia. O Comércio com a China é fundamental para conseguir superávit para vencer a crise interna.

A entrada nos BRICS só trará vantagens para a combalida economia Argentina. Ninguém usa esta palavra por ser pejorativa: os BRICS, no fundo, é um cartel. Visa unicamente vantagens econômicas para seus membros, sem nenhum pré-julgamento nas políticas internas dos países membros. Não importando se é democrático, ditatorial, comunista, fascista, teocrático etc. Além de um mercado exclusivo, que pode trazer rapidamente divisas para o país, ainda conta com o Banco dos BRICS, que pode fazer empréstimos com muito mais vantagens que o FMI.

Não se pode comparar as condições em que Milei irá supostamente assumir com as que Bolsonaro encontrou no Brasil. Seus eleitores querem uma solução rápida para a Argentina. Some-se a isto a dificuldade que ele terá ao lidar com a Câmara e o Senado. Melhor para ele não ser eleito, pois seu futuro pode ser tenebroso! Não me espantaria se ele fosse encontrado pastoreando em uma aldeia no interior da Mongólia.

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