segunda-feira, 24 de julho de 2023

QUEM ANDA ARMADO CORRE PERIGO DE VIDA

 

          Algumas pessoas podem dizer que minhas palavras são de uma mero pacifista que tem horror às armas. Até certo ponto, sim! Mas devo esclarecer que trabalhei durante quatro anos no Departamento de Polícia Federal como recepcionista em uma delegacia. Como Servidor eu teria o direito a porte de armas, que jamais requeri. Eu, e a maioria dos que não cumpria funções policiais, andava desarmado. Os próprios colegas, escrivãs e agentes, assim como alguns poucos delegados, com quem eu conversava, nos desincentivavam o uso de armas.

          O motivo? Vou fazer uma alegoria para melhor entendimento: Suponhamos que um oficial de carreira, já calejado de tantas guerras, encontra-se em um país africano a serviço de seu país. É madrugada, e enquanto todos dormem, ele e mais alguns montam guarda. Nada acontece. Assim como nada aconteceu nas dezenas de noites que passou em claro em tantas missões. O silêncio da noite pesa sobre seus olhos. Eis que de repente sente uma lâmina fria em seu pescoço. Um menino de onze anos está com o seu canivete aperto, prestes a cortar sua jugular. Moral da história: De que valeu toda experiencia militar frente a um garoto subnutrido que nunca foi soldado de verdade. De que valeu todo seu arsenal em suas mãos e espalhados pelos escaninhos de sua farda. Pendurados na cintura e nas pernas, as munições e granadas agora são inúteis.

          Nos quatro anos que eu trabalhei na polícia, apenas um agente da Superintendência do Rio de Janeiro morreu durante uma operação. Os agentes de polícia me revelaram qual o segredo dos Federais para manterem um número de baixa irrisórias durante suas operações: Elemento surpresa.

          Assim como a polícia bem-preparada tem no elemento surpresa seu maior trunfo, os bandidos a utiliza contra nós. Geralmente ninguém espera pelo ataque de um bandido. Digamos que você tenha que estacionar seu carro em um local suspeito e neste momento passa algumas pessoas. Você então tira a arma e aponta para o sujeito. Se ele for um cidadão honesto, com a ameaça, o criminoso passa a ser você. Digamos que ele esteja armado e tente reagir. Você vai matá-lo. Você matou um inocente porque estava armado. Ele morreu porque também estava armado.

          Agora e se você mantiver a arma na cintura? O sujeito pode ser um ladrão, apontar a arma para você e lhe render. Perdeu!... E se depois ele perceber que você está armado? Ele poderá roubar sua arma, e será mais uma arma a serviço de crime. Mas pode ser pior: Psicologicamente a visão de uma arma inspira ódio nas pessoas.

          O ladrão pode ser um assassino costumaz. Mas naquele momento ele estava apenas “trabalhando” para sustentar sua família, mas com a visão da arma ele acaba atirando em você.