quarta-feira, 10 de julho de 2019

GEOPOLÍTICA AOS MEUS OLHOS – I: COMO CHEGAMOS ATÉ AQUI.






PROLOGO


            Imagine um grande jogo de “War”, aquele mesmo joguinho de tabuleiro e peõezinhos que os adolescentes costumam consumir noites. Imagine uma dezena de equipes de jogadores, todas disputando o domínio do mundo. Equipes que não têm nomes, não representam nenhum território específico, mas cada uma das equipes têm seus objetivos estratégicos. Pois é!... Este é o planeta Terra.

            Este jogo é assistido e vivido por mais de sete bilhões de espectadores. E assim como em qualquer evento esportivo, existem narradores e comentaristas. Nem sempre com muito critério. Estas são as mídias. Mas há aqueles que são mais exigentes, e querem ter uma visão mais próxima da realidade. Quem ganha e quem perdem, neste tabuleiro? Quem comenta são os cientistas política e suas análises se denominam geopolíticas. A análise de onde e para onde o mundo caminha é necessário uma abstração impossível de se reproduzir nos melhores cérebros do mundo. Nem existem sistemas computacionais para isto. Mas é possível colocar algumas premissas,e inferir algumas tendências.

            Pessoas como Bolsonaro, Moro, Glenn, Lula ou os ministros do STF, que aparecem na mídia como protagonistas de uma queda de braço pelo poder no Brasil, pouco ou nada representa para a geopolítica nacional. Trump, Shi, Clinton e Putin têm uma importância relativa no que vêm acontecer no mundo. Eles são peças colocadas no tabuleiro pelos próprios jogadores, do mesmo jeito que se coloca os peões no “War”.





COMO CHEGAMOS ATÉ AQUI

           

Os Estados Unidos, depois da segunda guerra mundial, detinha 40% do PIB do mundo. Este fato deu aos americanos uma hegemonia sobre o mundo. O Dólar passou a ser a moeda padrão mundial. A União Soviética, países do Leste Europeu, China e alguns países da Ásia, se alinharam contra esta hegemonia. O mundo se polarizou com ampla vantagem para os EUA e seus satélites europeus (meros satélites!). Ao chamado campo socialista só restava a aposta na falência do sistema capitalista como um todo. Acreditavam que a característica cíclica do capitalismo, poderia levar a uma crise sem volta, muito pior que a crise de 1929. Ocorreu o contrário. A URSS faliu e levou com ela o Leste Europeu. A China levou a cabo uma ideia, que até certo ponto não era inédita. Depois da crise dos mísseis, em Cuba, Nikita Krushev tentou abrir o mercado na União Soviética. A ideia era interessante: se no século XIX países como Estados Unidos e o Brasil, mesmo sendo capitalista, possuíam nichos de escravismo, porque um país socialista não poderia ter nichos capitalistas? A proposta não vingou (o secretário geral do PCUS foi destituído). Parece que Kenedy era simpático à ideia, pois seria o fim da “guerra fria”. Porém parece que não era interessante aos “senhores da guerra”. Não sei se foi este o motivo, mas mataram Kenedy.

Durante a crise do petróleo na década de 70, o Dólar deixou de ter seu lastro em ouro. Nesta década os maiores exportadores de petróleo fundaram um cartel. A OPEP. Os bancos dos países desenvolvidos, liderados pelos Estados Unidos, aumentaram as taxas de juros, tornando atrativo o investimento no sistema financeiro. Por outro lado os grandes bancos passaram a emprestar dinheiro com facilidade, à juros exorbitantes, para promover o “crescimento do terceiro mundo”. Sabe-se que os governantes eram subornados para tomar estes empréstimos em condições desvantajosas. Estes empréstimos financiou o “milagre brasileiro”, quando o Brasil crescia a dois dígitos por ano.

A dívida externa brasileira passou de três bilhões de dólares em 1964, para quase cem bilhões de dólares em 1979. Os anos oitenta foi uma década de estagnação econômica e inflação altíssima no nosso país. Recorremos ao FMI diversas vezes. Refinanciamos nossa dívida várias vezes. Foram feitos vários ajustes econômico, como o “plano cruzado”, o “plano Bresser”, o “plano Collor”, e finalmente o “plano Real”. Estes planos foram um remédio muito amargo para o povo, pois eram todos recessivos, ou seja diminuía nossa capacidade de crescimento econômico,

Quando houve a falência dos países socialistas da Europa nos anos noventa, os EUA eram responsáveis por apenas 20% do PIB mundial (contra os 40% do pós guerra) e assim perdura até hoje.

Na Europa nascia o Euro e o Parlamento Europeu. Um sonho da social democracia desde o início de século XX. Porém na década de noventa prevaleceu na Europa o neoliberalismo. Os países da Europa Ocidental acreditava que sua nova moeda poderia, com o tempo, competiria com o Dólar. Porém os americanos jamais aceitou que alguma moeda viesse a competir com a sua. Em particular na área de commodities. A Europa vem se acovardando e sua moeda circula praticamente apenas entre os países membros.

A China resolveu “abrir seu capital”, sem largar não do socialismo. A China, que era um país muito fechado, mudou seus paradigmas, e fez o que os Soviéticos não fizeram. Parece que tiveram sucesso, pois hoje é a segunda economia do mundo e ainda mantém um crescimento econômico bem acima da média mundial.


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