Lembro-me do dia que eu encontrei com o pai
da vereadora Ana Lúcia, presidente da câmara por ter sido a candidata com maior
votação em São João D’Aliança, Goiás. Aliás, até então ninguém havia tido uma
votação tão expressiva no Município que a professora Ana Lucia. Como estava
dizendo encontrei-me com este senhor na casa de Pedro, presidente da Associação
dos Assentados do Projeto Águas Claras, em um assentamento de reforma agrária. Fernando Collor de Melo havia tomado posse há
alguns dias e a jovem política, influenciada pelo pai, estaria fundando o PRN,
partido do novo presidente. Como eu mesmo tinha a intenção de trazer o
presidente da associação para o meu partido, o PDT, ponderei que era muito cedo
para pensar em fundar o PRN, pois tudo dependeria da performance do presidente
Collor. Se ele fosse mal, sua filha não seria reeleita. Passaram-se quase dois
anos, Collor perdeu o mandato, Ana Lucia não se reelegeu e Pedro foi candidato
pelo PDT.
Eu confesso que na época eu apenas
aceitei o Impeachment
de Collor. Minha irmã foi contra. Leonel Brizola evitava falar sobre o assunto.
A bancada do PDT apoiou sem entusiasmo. Eramos oposição ao governo. Afinal,
depois da derrota no primeiro turno, apoiamos Lula no segundo. Aqueles que o
apoiaram agora queriam derrubá-lo. Mas havia algo de não consistente naquele
processo. O envolvimento de PC Farias, tesoureiro de campanha de Collor, em
falcatruas não estava bem esclarecido. No dia 29 de dezembro de 1992, o
presidente Fernando Collor de Melo, sob pressão, renunciou ao mandato.
O povo brasileiro
comemorou aliviado. Havia sido manipulado para votar no “Caçador de Marajás”,
mas o que se viu foi um confisco da poupança do povo e um péssimo governo!
Governar mal não, pela constituição, não é impedimento para um mandato, mas
mesmo assim eu achei interessante. Tenho um primo, Fued Dib, ex-presidente do
PMDB mineiro, ex-deputado federal, que era amigo pessoal de Itamar Franco, que
assumiu a presidência da república.
Passaram-se vinte e dois
anos. No dia 28 de abril de 2014, o senador por Alagoas, Fernando Collor de
Melo, subiu a tribuna para fazer a seguinte pergunta: “QUEM DEVOLVERÁ MEU
MANDATO?” O ex-presidente havia sido absolvido no STF. Os cães continuam
latindo, os gatos miam, carros vem e passam, e ninguém repondeu. Todo o Brasil
fechou os ouvidos e até hoje ninguém mais fala sobre o assunto.
Agora a oposição ao atual
goveno, insatisfeito com a derrota, clama com a ajuda da grande imprensa
oligipolizada e cartelizada: “Impeachment
para Dilma Rousseff!” Nada existe contra a presidenta que justifique tal
reinvindicação, mas o precedente de Collor tornou o impeachment um atalho para
um “golpe parlamentar”, antidemocrático portanto, toda vez que um presidente
não agrada determinados setores da sociedade.
Creio que chegou a hora do
PT fazer sua mea culpa. Mordido pela derrota do segundo turno, os liderados de
Lula pintaram seus rostos de verde e amarelo pedindo a saída do Presidente
Collor, contribuindo para reforçar as fileiras do GOLPE DE ESTADO PARLAMENTAR. Mas
hoje o próprio Collor pertence à base aliada do governo Dilma e não custa ao PT
reconhecer seus erros e pedir desculpas ao Senador por ter participado do golpe.
Um comentário:
NINGUÉM DEVOLVERÁ O MANDATO DO COLLOR, SIMPLESMENTE PORQUE OS "GOLPISTAS" JAMAIS FAZEM O "MEA CULPA" (ALÉM DE NÃO SER POSSÍVEL CONSTITUCIONALMENTE), E TAMBÉM PORQUE ESTÃO SEMPRE DE PLANTÃO PARA, COMO FOI EXPLICADO POR VOCÊ, DAR GOLPES QUANDO ESTÃO INSATISFEITOS COM A CONDUÇÃO DE POLÍTICA QUE NÃO ATENDA A SEUS INTERESSES MESQUINHOS.
UMA DAS MANEIRAS DE TENTAR IMPEDIR ESSE "GOLPE PARLAMENTAR" QUE ESTÃO ENGENDRANDO É BOTAR O POVO CONSCIENTE (DÍFICIL NÉ?) NA RUA.
FAZER O QUÊ?
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