quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

QUEM DEVOLVERÁ O MANDATO A COLLOR?



                Lembro-me do dia que eu encontrei com o pai da vereadora Ana Lúcia, presidente da câmara por ter sido a candidata com maior votação em São João D’Aliança, Goiás. Aliás, até então ninguém havia tido uma votação tão expressiva no Município que a professora Ana Lucia. Como estava dizendo encontrei-me com este senhor na casa de Pedro, presidente da Associação dos Assentados do Projeto Águas Claras, em um assentamento de reforma agrária.  Fernando Collor de Melo havia tomado posse há alguns dias e a jovem política, influenciada pelo pai, estaria fundando o PRN, partido do novo presidente. Como eu mesmo tinha a intenção de trazer o presidente da associação para o meu partido, o PDT, ponderei que era muito cedo para pensar em fundar o PRN, pois tudo dependeria da performance do presidente Collor. Se ele fosse mal, sua filha não seria reeleita. Passaram-se quase dois anos, Collor perdeu o mandato, Ana Lucia não se reelegeu e Pedro foi candidato pelo PDT.
            Eu confesso que na época eu apenas aceitei o Impeachment de Collor. Minha irmã foi contra. Leonel Brizola evitava falar sobre o assunto. A bancada do PDT apoiou sem entusiasmo. Eramos oposição ao governo. Afinal, depois da derrota no primeiro turno, apoiamos Lula no segundo. Aqueles que o apoiaram agora queriam derrubá-lo. Mas havia algo de não consistente naquele processo. O envolvimento de PC Farias, tesoureiro de campanha de Collor, em falcatruas não estava bem esclarecido. No dia 29 de dezembro de 1992, o presidente Fernando Collor de Melo, sob pressão, renunciou ao mandato.
            O povo brasileiro comemorou aliviado. Havia sido manipulado para votar no “Caçador de Marajás”, mas o que se viu foi um confisco da poupança do povo e um péssimo governo! Governar mal não, pela constituição, não é impedimento para um mandato, mas mesmo assim eu achei interessante. Tenho um primo, Fued Dib, ex-presidente do PMDB mineiro, ex-deputado federal, que era amigo pessoal de Itamar Franco, que assumiu a presidência da república.
            Passaram-se vinte e dois anos. No dia 28 de abril de 2014, o senador por Alagoas, Fernando Collor de Melo, subiu a tribuna para fazer a seguinte pergunta: “QUEM DEVOLVERÁ MEU MANDATO?” O ex-presidente havia sido absolvido no STF. Os cães continuam latindo, os gatos miam, carros vem e passam, e ninguém repondeu. Todo o Brasil fechou os ouvidos e até hoje ninguém mais fala sobre o assunto.
            Agora a oposição ao atual goveno, insatisfeito com a derrota, clama com a ajuda da grande imprensa oligipolizada e cartelizada: “Impeachment para Dilma Rousseff!” Nada existe contra a presidenta que justifique tal reinvindicação, mas o precedente de Collor tornou o impeachment um atalho para um “golpe parlamentar”, antidemocrático portanto, toda vez que um presidente não agrada determinados setores da sociedade.
            Creio que chegou a hora do PT fazer sua mea culpa. Mordido pela derrota do segundo turno, os liderados de Lula pintaram seus rostos de verde e amarelo pedindo a saída do Presidente Collor, contribuindo para reforçar as fileiras do GOLPE DE ESTADO PARLAMENTAR. Mas hoje o próprio Collor pertence à base aliada do governo Dilma e não custa ao PT reconhecer seus erros e pedir desculpas ao Senador por ter participado do golpe.


Um comentário:

PEDRO, O VERMELHO! disse...

NINGUÉM DEVOLVERÁ O MANDATO DO COLLOR, SIMPLESMENTE PORQUE OS "GOLPISTAS" JAMAIS FAZEM O "MEA CULPA" (ALÉM DE NÃO SER POSSÍVEL CONSTITUCIONALMENTE), E TAMBÉM PORQUE ESTÃO SEMPRE DE PLANTÃO PARA, COMO FOI EXPLICADO POR VOCÊ, DAR GOLPES QUANDO ESTÃO INSATISFEITOS COM A CONDUÇÃO DE POLÍTICA QUE NÃO ATENDA A SEUS INTERESSES MESQUINHOS.
UMA DAS MANEIRAS DE TENTAR IMPEDIR ESSE "GOLPE PARLAMENTAR" QUE ESTÃO ENGENDRANDO É BOTAR O POVO CONSCIENTE (DÍFICIL NÉ?) NA RUA.
FAZER O QUÊ?