Distribuição das áreas do Brasil em 2018.
Eu
poderia aproveitar que sou Engenheiro Agrônomo e trazer um monte de informações
e conjecturas que seria de difícil entendimento para a maioria das pessoas.
Mesmo para aquelas pessoas que tem conhecimento para acompanhar o raciocínio não
seria muito ilustrativo. Para responder esta questão nada melhor que pegar
alguns poucos dados do IBGE, condensado no gráfico-pizza acima e dar asas à
imaginação.
Afinal
precisamos desmatar para aumentar nossa produção agropecuária? Será que não
bastaria aumentar a produtividade agrícola e colocar mais gado no pasto? Quando
nos informamos pelos órgãos convencionais de mídia percebemos uma guerra de informações.
Pois bem!... Acompanhem meu raciocínio.
Primeiramente
acho que seria oportuno informar que a unidade internacional de medida de área
para atividade agropecuária é o hectare (símbolo ha - unidade agrícola
equivalente a 10.000 m² ou 0,01 km²). O Brasil, como nós aprendemos na escola,
tem 8.513.000 km². Ou seja, mais de 850 milhões de hectares.
Para
facilitar os cálculos vamos supor que toda a área plantada no país fosse apenas
milho e soja, nossos principais produtos de exportação. O milho tem potencial
de produzir acima de dez mil quilogramas por hectares. A soja pode produzir
mais de cinco mil quilos em área igual. Mas vamos considerar uma produtividade
de 6.000 kg/ha para o milho e 3.500 kg/ha para a soja. Devido ao clima tropical
é possível a produção de duas safras por ano. Isto significa que temos um
potencial de produzir 9.500 kg/ha ao ano.
Acompanhe comigo! Na pizza
acima observamos que 8,31% de toda área do nosso país são utilizadas para
atividades agrícolas. Fazendo-se os cálculos encontramos 70.400.000 ha.
Multiplicando por 9,5 toneladas chegamos 670 milhões de toneladas de grãos!
Estima-se que o Brasil vá produzir 235 milhões de toneladas de grãos de 2019. É
evidente que produzimos frutas, hortaliças, algodão, café e outros produtos,
mas pode-se dizer que podemos pelo menos dobrar nossa produção agrícola sem
derrubar uma só árvore.
Agora
vamos á pecuária. Precisamos produzir também mais carne para exportar, pois commodities
é nossa principal pauta de exportação.
Estima-se
que Brasil possua 171 milhões de cabeças de gado, segundo Censo Agropecuário
2017 (IBGE). Estão espalhados em 17,7 % do território nacional ou pouco mais de
cento e cinquenta milhões de hectares. Mesmo deixando o gado exclusivamente no
pasto, sendo este bem formado, com sais minerais e uma boa fonte de água, podemos
através de uma técnica chamada “pastejo rotacionado”, colocar três ou mais
cabeças de gado por hectare.
Pastejo
rotacionado é uma técnica simples. Divida o pasto, por exemplo, em dez partes e
cerque com arame liso (ou farpado). Cada parte se denomina “piquete”. Deixar o
gado pastar em um piquete por três dias, depois passar para outro piquete. E
assim por diante. Depois de um mês o gado volta ao primeiro piquete. Deste modo
o gado pasta intensivamente uma área, que depois tem vinte e sete dias para se
recuperar.
Se,
temos hoje em dia um rebanho de 170 milhões de cabeça de gado, podemos através
de uma técnica simples ter a capacidade de suporte de 450 milhões de cabeças!
Isto sem derrubar uma só árvore!
É
claro que quando generalizamos muito a margem de erro aumenta muito, mas por
mais discrepante que seja os números com a realidade, podemos observar que
ainda há uma grande margem de incremento na produtividade na atividade
agropecuária, antes de pensarmos em desmatar a Amazônia.
Observação:
Para ficar completo seria necessário
fazer um estudo se há realmente necessidade de atividades madeireira na
Amazônia. Até que ponto as áreas sob cultivo de eucalipto são insuficientes
para produção de celulose para papel e carvão para siderurgia. Seria possível
um aumento do uso de gás de petróleo em siderúrgicas em substituição ao carvão
vegetal? Será que ainda é necessária a derrubada de grandes árvores para
produção de móveis? Atualmente são raros os móveis de madeira maciça. Uma essência
florestal cultivada pode ter seu tronco laminada em uma superfície bem maior
que uma tábua oriunda de uma árvore milenar.
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