Tenho
observado muitas análises sobre um possível governo de Milei. Todas são
baseadas em seus discursos e programa de campanha. Será que ele vai dolarizar a
economia? Será que ele vai conseguir substituir parte do comércio com China e
Brasil em favor dos Estados Unidos? Até que ponto ele vai fazer frente à
política brasileira para a América Latina? Será que ele conseguirá tirar a
Argentina dos BRICS e Mercosul?
A
primeira dificuldade do suposto presidente Milei é o fato de sua base de apoio
é amplamente minoritário no congresso. O peronismo de Sergio Massa, seu oponente
no segundo turno, será majoritário no Senado, além de contar com quase metade
dos deputados. Nem com apoio total do “macrismo”, conseguirá maioria, nesta
casa.
Alguns
poucos países abriram mão de suas moedas e passaram a usar o Dólar como moeda
corrente, porém nenhum com o PIB da Argentina. Isto colocaria a Argentina em
uma situação muito vulnerával. Por outro lado, a moeda americana, embora
mantenha algum grau de hegemonia nas relações comerciais no mundo, vem perdendo
seu prestígio como meio de troca internacional. Principalmente após o embargo
contra a Rússia, com o sequestro de suas reservas pelos bancos americanos e
europeus, o dólar passou a ser visto com desconfiança. Isto já havia acontecido
com as reservas de outros países, como Venezuela e Irã. Ultimamente muitos
países têm procurado fazer comercio em suas próprias moedas e substituindo suas
reservas por ouro, ou mesmo Yuan ou Euro.
A
Argentina importa manufaturados brasileiros em troca de trigo e outras
commodities. Acordos no Mercosul diminui as taxas aduaneiras. O frete se torna
mais barato devido à proximidade entre os dois países. Some-se as isso que a
mão de obra no Brasil é mais barata e o Real está um pouco desvalorizado em
relação ao Dólar. A Argentina terá que competir com o próprio Brasil pelo
mercado de commodities nos EUA. Por outro lado, a China importa toda a produção
de soja e milho, além de carne bovina, e em troca fornece tecnologia. O
Comércio com a China é fundamental para conseguir superávit para vencer a crise
interna.
A entrada
nos BRICS só trará vantagens para a combalida economia Argentina. Ninguém usa
esta palavra por ser pejorativa: os BRICS, no fundo, é um cartel. Visa
unicamente vantagens econômicas para seus membros, sem nenhum pré-julgamento
nas políticas internas dos países membros. Não importando se é democrático,
ditatorial, comunista, fascista, teocrático etc. Além de um mercado exclusivo,
que pode trazer rapidamente divisas para o país, ainda conta com o Banco dos
BRICS, que pode fazer empréstimos com muito mais vantagens que o FMI.
Não se
pode comparar as condições em que Milei irá supostamente assumir com as que
Bolsonaro encontrou no Brasil. Seus eleitores querem uma solução rápida para a
Argentina. Some-se a isto a dificuldade que ele terá ao lidar com a Câmara e o
Senado. Melhor para ele não ser eleito, pois seu futuro pode ser tenebroso! Não
me espantaria se ele fosse encontrado pastoreando em uma aldeia no interior da
Mongólia.
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