Algumas pessoas podem dizer que minhas palavras são de uma
mero pacifista que tem horror às armas. Até certo ponto, sim! Mas devo
esclarecer que trabalhei durante quatro anos no Departamento de Polícia Federal
como recepcionista em uma delegacia. Como Servidor eu teria o direito a porte
de armas, que jamais requeri. Eu, e a maioria dos que não cumpria funções
policiais, andava desarmado. Os próprios colegas, escrivãs e agentes, assim
como alguns poucos delegados, com quem eu conversava, nos desincentivavam o uso
de armas.
O motivo? Vou fazer uma alegoria para melhor entendimento:
Suponhamos que um oficial de carreira, já calejado de tantas guerras,
encontra-se em um país africano a serviço de seu país. É madrugada, e enquanto
todos dormem, ele e mais alguns montam guarda. Nada acontece. Assim como nada
aconteceu nas dezenas de noites que passou em claro em tantas missões. O
silêncio da noite pesa sobre seus olhos. Eis que de repente sente uma lâmina
fria em seu pescoço. Um menino de onze anos está com o seu canivete aperto,
prestes a cortar sua jugular. Moral da história: De que valeu toda experiencia
militar frente a um garoto subnutrido que nunca foi soldado de verdade. De que
valeu todo seu arsenal em suas mãos e espalhados pelos escaninhos de sua farda.
Pendurados na cintura e nas pernas, as munições e granadas agora são inúteis.
Nos quatro anos que eu trabalhei na polícia, apenas um
agente da Superintendência do Rio de Janeiro morreu durante uma operação. Os
agentes de polícia me revelaram qual o segredo dos Federais para manterem um
número de baixa irrisórias durante suas operações: Elemento surpresa.
Assim como a polícia bem-preparada tem no elemento surpresa
seu maior trunfo, os bandidos a utiliza contra nós. Geralmente ninguém espera
pelo ataque de um bandido. Digamos que você tenha que estacionar seu carro em
um local suspeito e neste momento passa algumas pessoas. Você então tira a arma
e aponta para o sujeito. Se ele for um cidadão honesto, com a ameaça, o criminoso
passa a ser você. Digamos que ele esteja armado e tente reagir. Você vai matá-lo.
Você matou um inocente porque estava armado. Ele morreu porque também estava
armado.
Agora e se você mantiver a arma na cintura? O sujeito pode
ser um ladrão, apontar a arma para você e lhe render. Perdeu!... E se depois
ele perceber que você está armado? Ele poderá roubar sua arma, e será mais uma
arma a serviço de crime. Mas pode ser pior: Psicologicamente a visão de uma arma
inspira ódio nas pessoas.
O ladrão pode ser um assassino costumaz. Mas naquele
momento ele estava apenas “trabalhando” para sustentar sua família, mas com a
visão da arma ele acaba atirando em você.
Nenhum comentário:
Postar um comentário