Era
final de 1962. Havia dois anos que Brasília havia sido inaugurado. Eu, que
havia nascido na capital da República, tornei-me um mero provinciano. Havia um
surto de difteria no Rio de Janeiro (ou talvez Guanabara). Uma menina da minha
rua, filha de um oficial da aeronáutica, contraiu a doença. Minha prima, embora
vacinada, também teve uma forma moderada de crupe. Funcionários do Ministério da
Saúde apareceram lá em casa e foram logo enfiando cotonetes goela adentro de
todos nós. Algo parecido com a coleta de amostra para exame de PCR para
Covid-19. Eu era vacinado e não contraí a doença. Mas mesmo assim meu exame deu
positivo. Isto significava que embora eu não contraísse difteria, poderia
contaminar outras pessoas. Esta experiência eu tive aos dez anos! Tomei vários
frascos de soro antidiftérico antes de negativar. Repeti o exame mais duas
vezes.
Passaram-se
quase sessenta anos e eu troquei de lado. Deixei de ser paciente para agente.
Na qualidade de pesquisador do setor agropecuário, funcionário do Estado do Rio
de Janeiro, eu encarei um desafio. Uma nova doença de bananeira entrou no
Estado vindo de Parati e entrando em Angra dos Reis. Apesar dos prejuízos a
Sigatoka Negra é curável. Bastam duas dúzias de pulverizações aéreas por ano!
Pulverizações aéreas em lavouras de bananeiras no Rio de Janeiro? Bananas são
produzidas por produtores familiares, em grotas nas regiões montanhosas do
Estado! Além de antieconômico, é inviável tecnicamente! A solução foi trazer variedades
resistentes. Foram realizados vários ensaios em áreas produtoras do Rio de Janeiro.
Inclusive em Angra dos Reis.
Passaram-se
cerca de dois anos, quando recebemos um telefonema desesperado da produtora
parceira do ensaio de Angra dos Reis. A Vigilância Sanitária Vegetal visitou
sua propriedade e constatou que um bananal, que não fazia parte do experimento,
estava infectado com a Sigatoka Negra. A propriedade foi interditada! Ela pedia
para nós intercedermos para que pelo menos as bananas provenientes da área
experimental pudessem ser comercializadas. Solicitava também autorização para
comercializar mudas das variedades resistentes. Eu e o colega Maldonado, colega
Pesquisador que me acompanhava no projeto, sabíamos que seria uma luta perdida.
Mas por quê?
Porque
as variedades utilizadas eram resistentes e não imune à Sigatoka Negra. E isto
fazia toda a diferença! Se as variedades que pretendíamos introduzir fossem
imunes, não haveria perigo de contágio para uma planta suscetível. Sendo
resistentes as plantas poderiam ser infectadas, porém o sintoma da doença não
seria suficiente para diminuir a produtividade das plantas. Porém a
possibilidade de transmissão para uma planta suscetível, embora não seja muito
grande, mas era bem real.
Mas
porque eu estou contando toda estas histórias? Cada vez mais os brasileiros
estão sendo vacinados contra o coronavírus. Mas não há como vacinar todas as
pessoas de uma vez. No atual momento algumas pessoas estão vacinadas e outras
não. Será que as pessoas que tomaram a segunda dose, e respeitou o período de
carência, já podem respirar aliviados e sair para comemorar? Eu queria fazer um
alerta:
MESMO VACINADOS TEMOS QUE USAR MÁSCARAS,
LAVAR AS MÃOS E DESINTERAR COM ÁLCOOL E RESPEITAR O DISTANCIAMENTO.
Porém
o índice de letalidade das duas vacinas utilizadas por ora no Brasil tente a
zero. Ou seja, quem toma a vacina raramente morre de Covid-19. Porém há um
detalhe técnico: Sabe-se que a eficiência do Coronavac é por volta de 60%, enquanto
a de Oxford/Fiocruz é de 80%. Isto significa que entre quarenta e vinte por
cento das pessoas que tomam estas vacinas ainda pode transmitir o vírus.
Moral da história: SE VOCÊ E IDOSO E TOMOU
VACINA CONTRA COVID-19 NÃO VAI QUERER “MATAR” SEUS FILHOS, SOBRINHOS E NETOS.
DAÍ A NECESSIDADE DE CONTINUAR OS PROCEDIMENTOS QUARENTENÁRIOS.
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