Joseph Stiglitz
Ganhador do prêmio Nobel de Economia, americano Joseph Stiglitz atribuiu
bom desempenho do Brasil frente a crise financeira global ao Banco Central
ligado ao governo; "Países com bancos centrais menos independentes, como
Brasil, China e Índia se saíram muito, mas muito melhor do que países com BCs
mais independentes, como na Europa e nos Estados Unidos", disse ele, em
palestra na sede da autoridade monetária da Índia; "Um BC independente é
desnecessário e impossível", prosseguiu; raciocínio está em linha com
posição da presidente Dilma Rousseff e bate de frente com defesa de BC
independente feita por Marina Silva e herdeira do banco Itaú, Neca Setúbal;
debate do momento
De acordo com o site 247, o debate econômico do momento nas eleições presidenciais brasileiras ganhou nesta quinta-feira 11 uma opinião de peso. Em palestra na sede do Banco Central da Índia, o economista americano Joseph Stiglitz – agraciado com Prêmio Nobel de Economia, em 2001, e economista-chefe do Banco Mundial, entre 1997 e 2000, afirmou que a discussão sobre a autonomia dos bancos centrais é superestimada:
- A crise
mostrou que um dos princípios centrais defendidos pelos banqueiros do
Centro-Oeste (Europa e Estados Unidos) é o desejo de independência do banco
central, disse ele, para em seguida se opor à iniciativa:
- Mas na
melhor das hipóteses, essa posição é questionável. Na crise, os países com
bancos centrais menos independentes como China, Índia e Brasil fizeram muito, mas muito
melhor mesmo do que os países com bancos centrais mais independentes, caso da
Europa e dos Estados Unidos, completou ele.
No Brasil,
a candidata Marina Silva, do PSB, tem defendido com ênfase a necessidade de dar
autonomia ao Banco Central. Essa posição também está sendo vocalizada pela
coordenadora de seu programa de governo, Neca Setubal, herdeira do banco Itaú,
a maior instituição privada do País.
A
presidente Dilma Rousseff fez da promessa de Marina um cavalo de batalha. Na
propaganda eleitoral na televisão, o PT de Dilma comparou o BC independente à
entrega de um poder semelhante ao de presidente do Congresso a alguém sem
mandato e com grande risco de ligação com os interesses do mercado financeiro.
Podendo
decidir sobre as taxas de juros e câmbio, estabelecer e executar metas de
inflação e baixar a mais variada legislação de regulação de mercado, um
presidente de BC autônomo em relação ao Poder Executivo pode operar a
macroeconomia na direção que julgar mais conveniente.
Stiglitz
manifestou uma opinião em linha com a de Dilma.
- As
instituições públicas são responsáveis, este não é o problema. A questão é quem
vai estar lá e qual política ele vai praticar, frisou Stiglitz.
Modelo de
BC independente, o Federal Reserv dos Estados Unidos foi criticado por
Stiglitz, que se ateve ao papel desempenhado, antes da eclosão da crise
financeira, pelo presidente do Fed de Nova York, William Dudley.
-
Dudley executou um modelo de má governança em razão de seu conflito de
interesses: ele salvou os mesmos bancos que ele deveria regular - os mesmos
bancos que lhe permitiram ganhar a sua posição de mando, sentenciou.
Ao seu feito sem meias palavras e
polêmico, o prêmio Nobel passou a mensaquis dizer que um presidente de BC
escolhido pelo mercado, como anunciam Marina e Neca, tende a atender os
interesses desse mesmo mercado, ainda que estes sejam contrários ao
do grande público.
Fonte: Brasil 247
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