“Afirmar que “todo homem tem seu preço”, diz a frase.
Não é verdade. Mas para cada homem existe uma isca que ele não consegue
deixar de morder.”
Como dizia o filosofo Friedrich
Nietzsche.
Segundo a lenda, a democracia
nasceu na Grécia antiga, mais precisamente em Atenas (até hoje é lembrado de
Péricles, um grande democrata daqueles tempos). A democracia ateniense
espelhava as relações socioeconômicas da época. Mulheres e escravos não
tenham voz. Só poderia se manifestar e votar em Ágora (praça pública) os homens
livres. Desta forma os votos dos chamados “eupátridas”, grandes proprietários
de terras, valia o mesmo que o de um agricultor livre. Certo? Claro que não!
Os pequenos proprietários de terra tinham que cuidar
de suas lavouras e criações e não poderiam frequentar a Ágora. Mesmo
quando iam até Atenas, eram mal-informados e acabavam sendo cooptados
para tomar este ou aquele partido, nem sempre de acordo com seus interesses. Já
os eupátridas, como possuíam escravos e prepostos para cuidar de suas
propriedades, dispunham de mais tempo para ficar ou até morar em Atenas.
Acredito que não existam registros históricos bem
definido, mas não seria de se estranhar se, em uma reunião em Ágora, um grande proprietário
de terra perdoasse dívidas, cedesse um animal, como um cordeiro, ou mesmo pagasse
pelo apoio e voto de um agricultor mais pobre endividado.
Então a ideias de “um governo do povo, para o povo e
exercido pelo povo” já era, desde a Grécia Antiga, uma concepção tão utópica
quanto o comunismo utópico do século XVIII.
Quando a democracia burguesa surgiu na Inglaterra no século
XVII, apenas pessoas do sexo masculino com um certo patrimônio poderia votar e
ser votado. Com o passar dos séculos toda a população excluída do processo
democrático, através de muitas lutas, foi ganhando espaço. De modo que hoje, na
maioria dos países do mundo, apenas as crianças e adolescentes mais jovens continuam
excluídos.
Desta forma, houve grandes avanços da democracia burguesa
sobre a democracia ateniense? Mais ou menos. Hoje o sufrágio é universal. Todos
têm direito a votar e a ser votado. Mas...
Lembra-se no início do artigo que os pequenos agricultores
votavam desinformados? Pois é!... A burguesia sempre procurou se apoderar dos meios
de comunicação. Primeiramente apenas uma elite era alfabetizada e podiam ler
livros e jornais, adquirindo a hegemonia do conhecimento e da informação. Posteriormente,
quando grande parte da população se tornou alfabetizada, a concentração de renda
fez com que o domínio da informação ficasse nas mãos de poucos. A população
deixou de ser desinformada para ser mal-informada.
Por outro lado, aqueles que possuíam cargos eletivos,
passaram a sofrer cada vez mais forte pressão de Lobby. Na verdade, ninguém
vota contra seus princípios morais. Quem entra para a política, na maioria
das vezes, tem boas intenções e acredita ser imune à corrupção.
Logo no início de um mandato o portador do cargo eletivo, bem-intencionado,
percebe um isolamento de seus pares e pouca divulgação de seu trabalho pela mídia
caso mantenha sua atitude “radical”. Desta forma começa a negociar com a classe
política e com a elite alguns pontos, que para ele não são de princípio. Quanto
mais ele cede, mais seu nome aparece na mídia, e maior a possibilidade de reeleição
ou até mesmo de postular um cargo mais importante. Porém isto não é suficiente
para um sucesso na vida política.
Mas então vem as “iscas”. No início são pequenas
vantagem legais para apoiar proposições que ele já era a favor. Não é dinheiro,
nem bens, mas favorecimento de alguma forma. A fronteira entre o legal ou
ilegal nem sempre é bem definida. O mesmo acontece com os princípios morais (por
exemplo: “não sou capaz de matar um ser humano, mas em caso de guerra é
diferente”). Como tempo, o novo político, com propostas idealistas, percebe que
caiu em alguma esparrela. Tenta fazer autocrítica, mas recebe uma chantagem
como resposta. Seu rabo está preso. A partir deste ponto há duas
alternativas: Sair da vida pública ou relaxar e gozar.