Donald
Trump não está louco e muito menos Elon Musk. Mesmo porque a taxação de
importação provavelmente não foi ideia de Trump e nem de sua assessoria
econômica. Setores do chamado “Estado Profundo” norte-americano já
reivindicavam há algum tempo. Possivelmente chegou até um pouco tarde, porém
não havia condições subjetivas para fazê-lo no primeiro governo Trump e nem no
governo Biden.
1. O déficit
público Estadunidense é, de longe, o maior do mundo, ultrapassando trinta trilhões
de dólares ou mais de 30% do PIB mundial. Taxar importações é uma forma de
arrecadar impostos sem onerar a produção interna.
2. As
taxações não foram feitas de forma aleatória e nem se baseou apenas na
reciprocidade. Levou-se em conta a balança comercial com cada um dos países com
os Estados Unidos. Nos países em que os EUA eram deficitários a taxação foi maior,
onde era superavitário a taxação foi de 10%.
3. Para
manter o Dólar como moeda padrão internacional não basta o poder das armas, é
preciso que a moeda seja forte, se não de forma real, mas pelo menos “imaginária”.
Este fenômeno fez com que os cidadãos estadunidenses tivessem acesso fácil à bens
importados.
4. Como o
Dólar é uma moeda supervalorizada, a mão de obra interna tornou-se muito cara.
Isto acarretou a desindustrialização do país. Era mais barato para as empresas
norte-americanas produzirem fora dos Estados Unidos para depois importar. Esta medida
poderá trazer de volta estas empresas, como poderá fazer com que aumente o
investimento estrangeiro no país, compensando o grande déficit que os EUA têm
com o mundo.
É
preciso esclarecer que o imperialismo, mesmo atualmente, não é um sistema
internacional, e sim globalizado. Isto significa que é um sistema cosmopolita,
de onde surgem centros irradiadores do imperialismo global. Os Estados Unidos
são o principal centro irradiador, que deve ser preservado a qualquer custo.
Talvez
esta iniciativa do governo Estadunidense tenha sido um pouco tardia para conter
o avanço econômico da China e do Sul Global, mas temos que nos lembrar que esta
foi uma medida extrema, que sacrificou o Japão, Canadá, Austrália, Inglaterra e
a União Europeia como um todo. É bom lembrar que estes países também vão taxar
produtos dos EUA.
Não
se sabe até que ponto a China vai sair perdendo com esta medida do Governo
Trump. É certo que os chineses exportam muito mais do que importam dos
norte-americanos, mas a China pode ganhar novos mercados nos países como Japão,
Coreia, países europeus, Canadá e outros.
É
bom lembrar que as medidas de Trump foi amplamente favorável ao Brasil. É certo
que o Governo brasileiro vai espernear para não destoar do resto do mundo.
Porém permanecendo a guerra comercial dos Estados Unidos contra o resto do
mundo, muitas empresas vão preferir se estabelecer no Brasil, aproveitando mão
de obra mais baratas e taxas menores de exportação. Por outro lado, parte da
pauta de exportação de comodities dos Estados Unidos será suprida pelo Brasil,
principalmente com a China.
Os
Estados Unidos da América que com sua “Doutrina Monroe” sempre sabotou o
desenvolvimento econômico, nos dá uma grande oportunidade. Agora cabe a nós desenvolvermos
uma firme política de industrialização. Precisamos, primeiramente, investirmos
em pesquisa. Muita pesquisa para sairmos deste atraso que nos impuseram!