domingo, 9 de junho de 2024

DEMOCRACIA E AS RAÍZES DA CORRUPÇÃO NA POLÍTICA.

 


Afirmar que “todo homem tem seu preço”, diz a frase. Não é verdade. Mas para cada homem existe uma isca que ele não consegue deixar de morder. Como dizia o filosofo Friedrich Nietzsche.

Segundo a lenda, a democracia nasceu na Grécia antiga, mais precisamente em Atenas (até hoje é lembrado de Péricles, um grande democrata daqueles tempos). A democracia ateniense espelhava as relações socioeconômicas da época. Mulheres e escravos não tenham voz. Só poderia se manifestar e votar em Ágora (praça pública) os homens livres. Desta forma os votos dos chamados “eupátridas”, grandes proprietários de terras, valia o mesmo que o de um agricultor livre. Certo? Claro que não!

          Os pequenos proprietários de terra tinham que cuidar de suas lavouras e criações e não poderiam frequentar a Ágora. Mesmo quando iam até Atenas, eram mal-informados e acabavam sendo cooptados para tomar este ou aquele partido, nem sempre de acordo com seus interesses. Já os eupátridas, como possuíam escravos e prepostos para cuidar de suas propriedades, dispunham de mais tempo para ficar ou até morar em Atenas.

          Acredito que não existam registros históricos bem definido, mas não seria de se estranhar se, em uma reunião em Ágora, um grande proprietário de terra perdoasse dívidas, cedesse um animal, como um cordeiro, ou mesmo pagasse pelo apoio e voto de um agricultor mais pobre endividado.

          Então a ideias de “um governo do povo, para o povo e exercido pelo povo” já era, desde a Grécia Antiga, uma concepção tão utópica quanto o comunismo utópico do século XVIII.

          Quando a democracia burguesa surgiu na Inglaterra no século XVII, apenas pessoas do sexo masculino com um certo patrimônio poderia votar e ser votado. Com o passar dos séculos toda a população excluída do processo democrático, através de muitas lutas, foi ganhando espaço. De modo que hoje, na maioria dos países do mundo, apenas as crianças e adolescentes mais jovens continuam excluídos.

          Desta forma, houve grandes avanços da democracia burguesa sobre a democracia ateniense? Mais ou menos. Hoje o sufrágio é universal. Todos têm direito a votar e a ser votado. Mas...

          Lembra-se no início do artigo que os pequenos agricultores votavam desinformados? Pois é!... A burguesia sempre procurou se apoderar dos meios de comunicação. Primeiramente apenas uma elite era alfabetizada e podiam ler livros e jornais, adquirindo a hegemonia do conhecimento e da informação. Posteriormente, quando grande parte da população se tornou alfabetizada, a concentração de renda fez com que o domínio da informação ficasse nas mãos de poucos. A população deixou de ser desinformada para ser mal-informada.

          Por outro lado, aqueles que possuíam cargos eletivos, passaram a sofrer cada vez mais forte pressão de Lobby. Na verdade, ninguém vota contra seus princípios morais. Quem entra para a política, na maioria das vezes, tem boas intenções e acredita ser imune à corrupção.

          Logo no início de um mandato o portador do cargo eletivo, bem-intencionado, percebe um isolamento de seus pares e pouca divulgação de seu trabalho pela mídia caso mantenha sua atitude “radical”. Desta forma começa a negociar com a classe política e com a elite alguns pontos, que para ele não são de princípio. Quanto mais ele cede, mais seu nome aparece na mídia, e maior a possibilidade de reeleição ou até mesmo de postular um cargo mais importante. Porém isto não é suficiente para um sucesso na vida política.

          Mas então vem as “iscas”. No início são pequenas vantagem legais para apoiar proposições que ele já era a favor. Não é dinheiro, nem bens, mas favorecimento de alguma forma. A fronteira entre o legal ou ilegal nem sempre é bem definida. O mesmo acontece com os princípios morais (por exemplo: “não sou capaz de matar um ser humano, mas em caso de guerra é diferente”). Como tempo, o novo político, com propostas idealistas, percebe que caiu em alguma esparrela. Tenta fazer autocrítica, mas recebe uma chantagem como resposta. Seu rabo está preso. A partir deste ponto há duas alternativas: Sair da vida pública ou relaxar e gozar.